Abrigada da dureza da chuva que cai lá fora
Mas sem refúgio da solidão que me vem bater à porta
Olho em redor e algo me parece escapar diante da vista.
Vejo uma sombra, num dia de nuvens
Que se esconde do meu olhar
Que se abriga do meu alcance
Parece-me reconhecer algo nesse vulto anónimo.
Talvez seja da chuva, que lhe disfarça as feições
Talvez seja da máscara que usa, no entanto,
Sinto que me observa, de longe
Timidamente
Digo-lhe que se aproxime, sem medo e escuto-lhe os passos,
Lascivos
A caminhar em direcção a mim.
Volto-me bruscamente para que não torne a fugir
E o rosto que me parecia apagado sorri-me, com ar cúmplice.
Atira-me um beijo, enquanto
Já a correr, o vejo desaparecer na multidão.
De repente, a chuva cai com mais força
Sinto as pernas ensopadas
E por entre uma tontura, apercebo-me
Que continuo no mesmo banco de café,
A dromitar
Sobre a mesma folha branca
Sobre a qual me apetecia escrever.
Resgatado do fundo do baú, e ainda tão actual...
Mas sem refúgio da solidão que me vem bater à porta
Olho em redor e algo me parece escapar diante da vista.
Vejo uma sombra, num dia de nuvens
Que se esconde do meu olhar
Que se abriga do meu alcance
Parece-me reconhecer algo nesse vulto anónimo.
Talvez seja da chuva, que lhe disfarça as feições
Talvez seja da máscara que usa, no entanto,
Sinto que me observa, de longe
Timidamente
Digo-lhe que se aproxime, sem medo e escuto-lhe os passos,
Lascivos
A caminhar em direcção a mim.
Volto-me bruscamente para que não torne a fugir
E o rosto que me parecia apagado sorri-me, com ar cúmplice.
Atira-me um beijo, enquanto
Já a correr, o vejo desaparecer na multidão.
De repente, a chuva cai com mais força
Sinto as pernas ensopadas
E por entre uma tontura, apercebo-me
Que continuo no mesmo banco de café,
A dromitar
Sobre a mesma folha branca
Sobre a qual me apetecia escrever.
A.R., 1995
Resgatado do fundo do baú, e ainda tão actual...
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